domingo, 27 de dezembro de 2009

S. Silvestre – Jornada dupla


Correr cerca de 30 minutos, três vezes por semana. Pode ser mais um bocadinho ou menos um bocadinho, sendo que o limite é a dor. Tente correr o mais a direito possível em terreno plano e absolutamente liso. Está proibido de fazer séries.

À cautela inscrevi-me na de Gaia e na do Porto. À primeira fui ontem à segunda fui hoje. Não digam nada ao médico. A Gaia ainda não chegaram os GPSs, nem as fitas-métricas, nem os conta-quilómetros, nem os conta-

passos, enfim a distância é, em pleno século XXI, ainda um mistério. Arranquei rápido, parei com dores ao fim do 2º km, andei a passo e lá fui retomando o ritmo, para terminar com 48:51 e uma média de 4:28 (qual terá sido a distância?). Salvou-se o tempo, que se manteve frio mas seco, e o chazinho e o bolo-rei que no final é oferecido a todos os atletas, inclusive aos portugueses.

Aqui na da Invicta o céu já foi outro e começou mesmo a chover cinco minutos antes do tiro de partida. As dores aconselhavam-me a ficar em casa à lareira, mas esta é uma prova muito especial, e ainda por cima seria a minha 9ª participação, pelo que lá fui. Afinal não doeu e terminei com 45:21 e a mesma média da de Gaia. Há coisas fantásticas, não há?

Entretanto o Leão Martins corria, à mesma hora, a S. Silvestre da Central de Compras e batia o seu recorde dos 10km com o brilhante tempo de 36:04 e um magnífico 52º lugar.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Endorfinómano, he said

Que tinha sido uma desinserção do tendão; isto é: que o tipo se tinha soltado do osso da bacia, mas que a tendência seria para se voltar a agarrar; pelo que ele prescrevia actividade física moderada, para que o tal protagonista não perdesse elasticidade e, mais a mais, estava-se mesmo a ver que eu era endorfinómano.

Analisemos então o insulto: a endorfina é uma substância natural produzida pelo cérebro em resposta à actividade física, com o objectivo de relaxar o organismo e prevenir a dor, pelo que provoca sensação de bem-estar e euforia, mais ou menos moderada.

Todos os praticantes de actividade física regular conhecem a sensação de, em determinada fase do exercício vermos o cansaço e a dor muscular substituídos por um inegável bem-estar, uma mistura de euforia e prazer, que proporcionar uma impressão de paz interior e uma certa e tranquilidade.

Ora aí surge o tal de endorfinómano, que tanto abrange o viciado em actividade física, que no caso de parar sofre crise de abstinência, como aquele que vai intensificando cada vez mais o exercício à procura da tal euforia.

Pois é, apesar de as endorfinas melhorarem a memória, o estado de espírito e o sistema imonulógico, de aumentarem a resistência e a disposição física e mental, de bloquearem as lesões nos vasos sanguíneos, aliviarem a dor e terem efeito antienvelhecimento – tudo coisas perniciosas, como se vê – eu arrisco e continuo a apostar nessa droga, pelo que após 9 dias sem treinar saí hoje pelas 7 da matina, ainda a cidade dormia, para um treino necessariamente curto de 45 minutos, ao longo do rio Douro.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Post não autorizado

E o Luís Pires !? Um homem bom do Norte,
Indo da Invicta correr à Capital,
Perguntam-lhe p’la origem? Passaporte?
Contra tudo o que lhe é habitual.
Ainda barafusta, faz-se forte,
Por só q’rer conviver com o pessoal,
Mas vem o director com a chalaça
Que só “camones” têm direito à massa!

Começou o Luís a ter visões
E à sua frente “erguem-se” figuras
De cores garridas, enormes botões,
Estranhas roupagens e lentes escuras,
Nariz de bola, cor dos lampiões
E a faltar peças na dentadura.
Então, grita o Meixedo, com desdém :
“-Mas isso é maratona ou circo Chen!?”

Fernando Andrade

domingo, 13 de dezembro de 2009

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Uma volta muito especial

Especial sempre foi esta prova, na qual me estreei em 2000, na 43ª edição, com um honroso tempo de 47:05, no ano em que pela primeira vez meti pés à estrada para participar em corridas populares.

Esta minha 7ª participação foi feita em condições físicas que me aconselhariam mais a ter ficado em casa a repousar. Bom, na verdade, se tivesse faltado à chamada, o que provavelmente teria acontecido teria sido conduzir até Penafiel para ver um jogo de bola.

Este foi ano de caldeirada emocional. Deixei o puto no Olival às 7:30 da matina e rumei o mais lentamente que consegui para Paranhos, onde cheguei pelas 8:00, e onde a calma própria de uma rua cortada ao trânsito, numa fria manhã de um dia feriado, contrastava com uma súbita agitação interna que se começava a instalar.

Era impossível não me recordar da edição de 2005, ano em que convenci dois dos meus irmãos a fazer-me companhia, e de como durante a prova e para evitar a desistência de um deles ao fim do primeiro quilómetro, rolei a 6:15min/km. Foi a última vez que ele fez exercício físico: na terça-feira seguinte não apareceu no treino de futebol, e na quinta-feira também não. Vai daí, nunca mais tento convencer ninguém a correr. Há um ano que não o vejo. Tenho saudades.

Era impossível não me recordar de como o Salgueiros foi este ano buscar o meu miúdo a um torneio de futebol de rua, o recebeu de braços abertos, lhe deu estatuto titular, e de como passados dois meses, e não resistindo a um assédio de um clube dito maior, os deixei sem guarda-redes a uma semana do início do campeonato. Confesso com mágoa esta pedra no sapato.

Era impossível olhar este cenário de cidade bombardeada e não me emocionar

Enquanto conseguir colocar um pé à frente do outro, nunca deixarei de participar na Volta a Paranhos.

Longa vida ao Salgueiros!

fotos aqui e aqui.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Hospitalidade

Através do meu amigo Paulo Rodrigues fiquei a saber da aventura do ultra-maratonista Serge Girard, que se propõe fazer 25.000km non stop em volta de toda a Europa, ao longo de um ano.

Também por sugestão do Paulo surgiu a possibilidade de acompanhar o Serge, durante alguns kms, quando ele passar pelo Porto.

Entrei em contacto, via email, e recebi como reposta que a passagem dele pelo Porto deverá acontecer já na próxima segunda-feira, dia 7 de Dezembro (o homem faz entre 70 e 80km por dia), não se sabendo ainda qual o percurso que ele seguirá.

Bem sei que é dia de semana, mas é véspera de feriado, pelo que quem estiver a prever fazer ponte poderia juntar-se ao pelotão. Também sei que é véspera da Volta a Paranhos, mas meia hora de corrida não vai interferir com a prova de ninguém.

Estejam atentos às últimas, porque ficaram de me enviar mais pormenores.

Entretanto vou tentar correr 10 a 15 minutos hoje, para ver como reage a minha perna.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

A maratona, a lenha e o macho – variáveis aparentemente não correlacionadas


Numa idade em que já não tenho grande margem de progressão em termos de tempos, tinha apontado a Volta a Paranhos como uma da últimas possibilidades de tentar baixar do minuto 42 na distância de 10k.

Indo contra os meus mais profundos princípios, confesso-vos que até cheguei a fazer séries, logo por duas vezes e no espaço de uma semana!

A coisa prometia, até que a invernia do fim-de-semana me fez ir à arrecadação buscar uma cesta de lenha. Seguro a porta do elevador com a mão e, com o pé encostado à cesta, tento empurrá-la, mas ela nem um milímetro se mexe.

Um daqueles ímpetos à macho latino apodera-se de mim e juro-vos que ouço uma voz que diz “num te mexes o carago”! Cerro os dentes, transfiro toda a minha força para a perna esquerda e vai já a cesta com cerca de meio metro de viagem quando sinto uma dor aguda na perna, no contorno da nádega e na virilha até muito próximo do abono de família.

Ando para aqui a mancar, há 4 dias sem treinar e sem perceber se é musculo, nervo, tendão ou osso, ou se é uma grande caldeirada.

Moral da história: pelo menos não foi por uma cesta de robalos.