segunda-feira, 15 de novembro de 2010

E vão seis!

Segunda-feira. Nove da manhã. Frio, chuva e vento. Arranco lentamente do Jardim do Cálem e vou rolando sem pressas em direcção à Foz do Douro. Na Cantareira quase levanto voo.

Assaltam-me pensamentos variados. Uma sucessão de imagens da minha memória recente que se vão atropelando. O puzzle vai sendo lentamente montado. Dou-me conta de que me não doem as pernas. Nenhum músculo reclama. À excepção do já famoso isquiotibial, a máquina parece-me em condições.

Vou progredindo contra a nortada e tentando perceber se a Maratona da véspera me correu bem ou mal. A primeira conclusão é a de que o excesso de confiança me fez relaxar em demasia. Dever-se-ia ter imposto alguma tensão. Não muita, apenas qb. Ainda o primeiro quilómetro não estava cumprido e já tinha que dar um nó no abono de família. Em busca de um local discreto perdi companheiros de jornada. Cronometrei um minuto e dez de alívio. Recordo-me que abalei Avenida da Boavista abaixo em busca de ritmo e de companheiro de luta, e de que rolei entre os 4:45 e os 4:55 até aos 20km. Tive que novamente trocar a água às azeitonas, numa altura em que rolava na companhia do Mesquita, que tinha alcançado por volta do km 16 e com quem seguia em bom ritmo.

Perdi o Mesquita e perdi o ritmo. Passei a meia com 1:43. Rolava agora entre os 5:05 e os 5:10 e assim me mantive até ao km 28 onde, à porta de casa, tinha a família à minha espera e onde recolhi um tubo de gel que partilhei com uma atleta que acabava de alcançar e que me parecia em dificuldades. Retorno no Freixo, nova passagem à porta de casa e mais um gel para o bolso.

Tinha agora a companhia da tal colega de jornada e parecia que nos íamos entender bem. Rolamos 2 ou 3 quilómetros em torno dos 5:15 e chegamos ambos a pensar que tínhamos parceria para levar até ao final da prova, mas à saída do túnel da Ribeira encontro o Vítor em dificuldades e sem hesitar paro.

Estava com dores musculares e com ele alonguei um pouco. Arrancamos para logo adiante pararmos no abastecimento da Alfândega. O quilómetro era o 32 ou 33 e o local o mesmo onde na edição do ano anterior tinha largado o Miguel, com quem rolava desde o início da prova, para terminar com 3:25.

Se encontrei o tal muro? Não sei mas acho que não. Sei que a partir daí não mais parei mas também não mais consegui correr abaixo dos 5:30. Sei também que não sonhava desesperadamente com a meta.

Terminei com o habitual sprint, com um tempo final de 3:39. Mais 15 minutos do que o meu melhor tempo e menos 11 que o meu pior. Concluo que apesar que estar a contar com um tempo na casa dos 3:35 a coisa até nem correu nada mal.

Trago agora o vento pelas costas e rolo sem dificuldade a um ritmo acima daquele que seria aconselhável. Termino as minhas reflexões no momento em que avisto o Clube Fluvial Portuense. Um mergulho, umas braçadas e que bem me sinto.

O que eu andava a perder quando só andava aos chutos à bola!