quarta-feira, 26 de maio de 2010

Limite? Qual limite?

Vem estas linhas a propósito de um recente debate que espontaneamente tem vindo a ocupar lugar nos meus treinos conjuntos de fim-de-semana (sim, porque nós os que rolamos a 5:40 aproveitamos a corrida para pôr a conversa em dia), e que a pretexto dos recentes 101km de Ponferrata onde participaram duas mãos cheias de amigos e conhecidos, e dos muito próximos 89km da Comrades onde participarão 5 bravos PortoRunners, se estabeleceu em definitivo: as ultras e os ultras.

O assunto tem vindo amiúde à baila, sendo que do aplauso à crítica, passando pela indiferença, ouve-se de tudo um pouco. Se aos indiferentes lhes reservo iguais sentimentos e aos que aplaudem me junto para engrossar o pelotão, cumpre-me rebater os argumentos dos críticos.

Não sendo indiferente aos múltiplos relatos, lidos ou ouvidos de viva voz, relativos aos mais variados sofrimentos que vão desde as simples cãibras e dores musculares até desmaios, desidratações, perdas de visão, enfim é melhor parar por aqui porque já estou a fornecer demasiados argumentos ao inimigo. Não sendo indiferente a essas realidades, dizia eu, a verdade é que tudo se resume a uma questão de escala; senão vejamos: actualmente, lesionado e com falta de tempo, faço um treino por semana, sendo que no mês passado fiz uma maratona, tendo o meu plano de treinos consistido em rolar de longe a longe a 5:30-5:40. Já este mês, ainda lesionado, fiz um treino de 27kms e uma meia-maratona na areia.

Porque é que me apelidam de herói, ao contrário do que fazem aos meus amigos ultra-maratonistas, que cumprem rigorosos planos de treino e fazem uma vida regrada, com alimentação e descanso cuidados? Bom, fico-me por aqui; já me estou a esticar demais. Deve ser dos taninos, mas estas tripinhas estavam mesmo a pedi-las.

Quanto à tal de areia, posso dizer-vos que foi um fim-de-semana magnífico, mas poupo-vos a pormenores que para além de chegarem a destempo já estão mais que relatados um pouco por toda a luso-blogolândia corredora.


Na véspera, com os amigos Joaquim, Mark, Vitor, Rui e Fernando.

A embaixada nortenha, já representada na foto anterior, onde apenas faltava o Francisco, que se tinha colocado atrás da câmara.

Os CyberRunners antes da partida.

A prova.

O que fica.

5 comentários:

joaquim adelino disse...

Olá amigo João, é natural o desconforto, é preciso perceber que os amigos que correm longas distâncias já estão habituados aos elogios e ás críticas (estas pelas piores razões) e que dificilmente perceberemos as suas causas, e não é de todo inocente que o tratem com alguns "mimos", bem intencionados é claro, pois a companhia que lhes faz, os concelhos e opiniões que emite, a experiência acumulada e a perfumance já alcançada fazem do meu amigo aquilo que é e que tarda em reconhecer. Mas essa é uma virtude muito particular e ao alcance de muito poucos, é por isso que gosto de vez em quando ler e também ouvir esses safanões, que acabam sempre por serem reprimidos quando pensamos que a corda já vai esticada de mais e abafamos com receio de o nariz começar a ficar empinado de mais.
Um abraço.

João Paulo Meixedo disse...

ah ah essa no nariz foi um belo trocadilho meu caro amigo ultramaratonista da vida.
Um enorme abraço.

Fernando Andrade. disse...

Bom tema, amigo João.
Deu-lhe uns excelentes tópicos bem ao estilo Meixedo, que nos deixa sempre bem disposto.
Vamos esperar pelo desenvolvimento do assunto, já que, com a grande participação lusa na Comrades, é oportuna falar nisto.
Mas avanço já com uma "teoria" arriscada : Não há limites !
Grande abraço.
FA

Fazer Amigos a Correr disse...

Companheiro
Nem de propósito,visita o meu blog e vê o tema que lancei em relação ás ultras-maratonas.Aceitam-se comentários.
Agora quanto a isso dos planos de treino e dietas rigorosas,sabes muito bem que não seguidor,cumpro o mínimo.Em relação a ti,as únicas diferenças é que treino mais e vinho,nem vê-lo(porque não gosto).
Quanto a limites,costumo dizer e já te disse a ti,os nossos limites estão "entre as nossas orelhas"!
Aquele abraço
Paulo Rodrigues

João Paulo Meixedo disse...

Pois é, caros amigos Fernando e Paulo, parece-me que vocês estão em sintonia comigo: o limite está, como muito bem diz o Paulo, entre as orelhas. O que não significa que a inexistência de limite se aplique apenas a quem "não tem cabeça" :)
Um grande abraço a ambos.