Deixo-vos um curto registo daquilo
que foram as minhas emoções inerentes à 12ª participação naquela que
considero a prova Rainha desta distância, no calendário nacional. Na realidade,
correr 10km constitui, para mim, uma prova de velocidade: são 10 séries de
1000m sem intervalo entre elas. As únicas séries que faço durante todo o ano,
diga-se em abono da verdade.
Chego tarde, parto tarde e tento
serpentear por entre uma floresta de pernas enquanto vou revivendo a minha
primeira participação, em 2000, no ano em que me estreei nestas lides. Salto
para o ano de 2005, quando convenci dois dos meus irmãos a fazerem-me companhia
e recordo como durante a prova, e para evitar a desistência de um deles ao fim
do primeiro quilómetro, rolei a 6:15min/km até ao fim. Estou agora no ano de
2008 em que bati o meu recorde da prova, com uns modestos 42:47. Salto para
2009, quando, poucos meses antes desta prova, o Salgueiros foi buscar o meu
miúdo a um torneio de futebol de rua, o recebeu de braços abertos, lhe deu
estatuto titular, e de como passados dois meses, e não resistindo a um assédio
de um clube dito maior, os deixei sem guarda-redes a uma semana do início do
campeonato. Uma vez mais confesso com mágoa esta pedra no sapato. A emoção
deste ano foi bem mais prosaica: dei um malho de mota ao sair de casa e cheguei
à prova em cima da hora e com um joelho a sangrar e a latejar. Rumei de
imediato à meta e fiz o que pude: 43:59.
Este ano arredaram-nos do Vidal Pinheiro, mas eu fiz questão de lá passar no final da prova. É impossível olhar aquele cenário de cidade bombardeada sem nos emocionarmos. O futebol do Salgueiros vai treinando um pouco por toda a cidade, pagando sempre o aluguer dos campos, mesmo os municipais. Como contraste, temos o maior clube da cidade a treinar por 500€ por mês num centro de estágios construído especialmente para si por um demagogo autarca que geria um município que fica do outro lado do rio Douro. Sim, pode gostar-se de atletismo e de futebol, mas seria interessante se este último se auto-sustentasse. O escandaloso é que os dinheiros públicos continuam a ser usados para ajudar a bola, e ainda por cima só os clubes mais poderosos. Uma vergonha.
Voltemos às sapatilhas: enquanto conseguir colocar uma perna à frente da outra lá estarei todos os 8 de Dezembro à partida para mais uma festa da mais antiga prova de atletismo do país.
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